quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013


PRODUTOS

Produzimos mudas de eucaliptos clonadas com rigoroso padrão de qualidade. Trabalhamos com clones adaptados ao cerrado e com alta produtividade para diversas finalidades como, por exemplo: lenha, cavaco, escoramento, carvão, estacas, serraria, dentre outras finalidades.

Temos os seguintes clones: 
- AEC-1528 (Super Clone), 
- AEC-144 (I-144), 
- AEC 224 (I-224), e
- VM-01 (Urocam)  


Fornecemos mudas para diversas cidades do Brasil,  são transportadas em pé para garantir a qualidade sua integridade.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


A importância da adubação no plantio florestal

Paulo Henrique Müller da Silva
Engenheiro Florestal - IPEF

A adubação consiste em aumentar a disponibilidade de nutrientes, principalmente na fase inicial de desenvolvimento da floresta, muitas vezes corrigindo deficiências existentes no solo ou na planta. É de grande importância para o crescimento das árvores e para a sustentabilidade do ecossistema florestal ao longo dos ciclos de corte, pois repõe parte dos nutrientes exportados com a colheita. Por esses motivos pode se afirmar que a adubação é importante, principalmente para florestas de rápido crescimento que tendem a ter melhor resposta à adubação e ciclos mais curtos, ou seja, maior capacidade de absorver e de exportar nutrientes.

A prática de adubação acarreta em custos para o produtor, pois existe a necessidade da compra dos insumos e da contratação de mão-de-obra para a sua aplicação, o que corresponde, aproximadamente a 35% do valor total da implantação (adubação completa) e por esse motivo muitos produtores ficam em dúvida sobre adubar ou não o plantio florestal.

Na Estação Experimental de Ciências Florestais, localizada no município de Itatinga, pertencente ao Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP, foram implantados dois experimentos, com Eucalyptus grandis, em solos distintos nos quais se obteve a produtividade do plantio de eucalipto, aos 6 e aos 7 anos de idade, sem aplicação de qualquer tipo de adubo e com a adubação completa (calagem + adubação de base + adubação de cobertura). Esses experimentos possibilitaram observar a diferença de produtividade existente devido à adubação, pois em ambos utilizaram o mesmo material genético e manejo que estavam adequados as condições locais.

Solo de menor produtividade

Nesse solo obteve-se 210 m³ e 304 m³ de madeira aos seis anos de idade para os tratamentos sem e com adubação respectivamente. O aumento de produção foi de 94 m³, ou seja, o tratamento com adubação foi 45% superior ao sem adubação.

Hoje o custo da adubação é de R$ 700,00/ha (35% do custo de implantação) e calculando-se o valor durante o período de seis anos com juros compostos (juros sobre juros), a uma taxa de 12% ao ano, obtém-se o valor de R$ 1.390,00. Para os 94 m³ produzidos a mais se obtêm uma receita de R$ 3.290,00, vendendo a madeira em pé pelo valor de R$ 35,00 o metro cúbico.

Nesse solo, a economia na adubação resultou em perda de R$ 1.900,00/ha, já considerada a taxa de juros de 12 % ao ano.

Solo de alta produtividade

No solo de boa qualidade obteve-se 416 m³ e 506 m³ de madeira aos sete anos de idade para os tratamentos sem e com adubação respectivamente. O aumento de produção foi de 90 m³, ou seja, o tratamento com adubação foi 21% superior ao sem adubação.

Hoje o custo da adubação é de R$ 700,00/ha (35% do custo de implantação) e calculando-se o valor durante o período de sete anos com juros compostos (juros sobre juros), a uma taxa de 12% ao ano, obtém-se o valor de R$ 1.550,00. Para os 90 m³ produzidos a mais se obtêm uma receita de R$ 3.150,00, vendendo a madeira em pé pelo valor de R$ 35,00 o metro cúbico.

Nesse solo, a economia na adubação resultou em perda de R$ 1.600,00/ha, já considerada a taxa de juros de 12 % ao ano.

Considerações Finais

A economia realizada na etapa de formação da floresta, em muitos casos, reflete-se em seu desenvolvimento, o que diminui a receita obtida, sendo importante a aquisição de material de qualidade (sementes, mudas e insumos) e adequado à finalidade e às condições do local que será implantada a floresta, mesmo que gere um custo maior de implantação da floresta. Deve-se também seguir as recomendações feitas por um profissional habilitado, pois no final, o retorno será maior que a “economia” realizada na implantação.

Florestas plantadas contribuem para o aumento da produção mundial de madeira


Florestas plantadas contribuem para o aumento da produção mundial de madeira

Artigo de Silvana Teixeira



Por: Painel Florestal - CPT
 
Foto: Painel Florestal
A floresta de eucalipto pode ser considerada de múltiplo uso, tanto em relação à madeira produzida propriamente, quanto aos demais produtos advindos de suas flores, folhas e casca
As florestas plantadas são consideradas importantes fontes de matéria-prima, contribuindo para a redução de um provável déficit mundial de madeira e entre as espécies mais procuradas e promissoras, destaca-se o Eucalipto.
É incontestável que as áreas de florestas naturais, em todo o mundo, disponíveis para a produção de madeira estão diminuindo a cada dia, dadas as ações de desmatamento por um lado e por outro pela transformação de grandes áreas florestais, como de preservação ambiental.
Em termos de mercado externo, principalmente, são muito grandes as exigências de certificados de exploração sustentada, com adoção de práticas de manejo em conformidade com prescrições internacionais.
O gênero Eucalyptus é caracterizado por elevada plasticidade, ou seja, grande capacidade de adaptação às condições ambientais. Além da grande plasticidade, o gênero também é destaque pelo seu rápido crescimento.
Face ao grande avanço tanto de práticas silviculturais, manejo, e, principalmente, devido ao melhoramento genético das espécies, hoje é possível a obtenção de taxas de crescimento próximas dos 100 m³/ha/ano, em plantios comerciais.
A floresta de eucalipto pode ser considerada de múltiplo uso, tanto em relação à madeira produzida
A floresta de eucalipto pode ser considerada de múltiplo uso, tanto em relação à madeira produzida propriamente, quanto aos demais produtos advindos de suas flores, folhas e casca. A sua madeira se presta aos mais diferentes usos, tanto na forma sólida, como também como matéria-prima para a indústria de polpa e àquela dos painéis reconstituídos.
Podem-se citar, também, experiências de utilização como dormentes, estacarias, postes, construções civis, além dos mais diversos usos estruturais das espécies anteriormente citadas, cabe ainda destacar o relato existente no Manual do Plantador de Eucalipto, também do início do século a respeito da madeira do Eucalyptus diversicolor.
Também é citada a madeira de E. microcorys, como de elevada durabilidade em contato com o solo, sendo bastante utilizada para assoalhos. Além de fornecer madeira com amplo espectro de qualidade, a casca dos eucaliptos são, na maioria das vezes, muito ricas em tanino ou kino-tanino, podendo ser utilizada tanto na indústria do couro, como também para a produção de adesivos de excelentes propriedades, notadamente aqueles de usos estruturais na própria indústria madeireira.
“Também as folhas contém quantidades apreciáveis de óleos essenciais, com numerosas aplicações na indústria”, afirma o professor José Tarcísio da Silva Oliveira, do curso Uso da Madeira de Eucalipto na Fazenda, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
Por ter constituição anatômica simples e homogênea, a madeira de eucalipto caracteriza-se por uma trabalhabilidade relativamente fácil
Por apresentar uma constituição anatômica relativamente simples e homogênea quanto à morfologia dos elementos anatômicos, a madeira de eucalipto caracteriza-se por uma trabalhabilidade relativamente fácil, podendo conseguir cortes e superfícies de qualidade, sem maiores dificuldades.
Um aspecto positivo, em relação à madeira de eucalipto, é o grande espectro de propriedades em função das diferentes espécies que são facilmente cultivadas no país. Assim, tem-se desde madeiras leves e de baixa durabilidade, até aquelas madeiras aptas às utilizações estruturais e de relativa durabilidade, mesmo sem serem preservadas.
Hoje em dia, algumas empresas optaram pelo desenvolvimento de clones, provenientes de matrizes selecionadas e melhoradas para usos específicos, como, por exemplo, destinados à produção de madeira para serraria de excelentes qualidades.
No meio rural, o pequeno produtor pode se tornar autossuficiente em madeira, a partir da adoção de uma pequena área reflorestada em sua própria propriedade. Entre os vários usos dessa madeira, destacam-se, a aplicabilidade na construção de mangueiras, currais, moirões de cerca, pequenos postes, tutores para plantações e construções de galpões.
Destacam-se, a aplicabilidade na construção de mangueiras, currais, moirões de cerca, pequenos postes, tutores para plantações e construções de galpões
A utilização da madeira de eucalipto no meio rural deverá ser acompanhada por pequenas unidades de preservação, em que a utilização de técnicas caseiras simples de impregnação de soluções preservativas poderá conferir à madeira durabilidade semelhante à das madeiras nativas convencionais.

Bioenergias Hidrossolúveis



Artigo de Sebastião Valverde

Embora se conviva todo ano com a assombração do fantasma do apagão elétrico desde o início deste século, devido às estiagens prolongadas que comprometem o nível dos reservatórios, praticamente o Brasil tem feito pouco para diluir sua dependência hidrelétrica na matriz energética, exceto colocar em funcionamento as dezenas de termoelétricas a gás, óleo ou carvão mineral – ambientalmente impactantes.
Tudo leva a crer que o governo não aprendeu a lição e nem fez seu “para casa” em termos de executar um projeto energético para o País. Mesmo que o potencial hidrelétrico brasileiro fosse plenamente aproveitado sem ser atrapalhado pelo preciosismo ambiental, o País ficaria vulnerável às estiagens prolongadas como a que se passa e, com isso, dependeria de complementação energética por meio destas termoelétricas que tanto fragiliza a retórica imagem de um Brasil “verde” signatário de acordos ambientais global.
O Brasil precisa diversificar seu portfólio energético e desconcentrá-lo da hidroenergia. Apesar da construção das hidrelétricas de Jirau, Santo Antonio e Belo Monte, ainda é esperado um colapso na oferta dado o aumento exponencial do consumo de energia, haja vista o crescimento populacional reforçado com o aumento da renda per capita que eleva a demanda pela melhoria no padrão de consumo.
No passado, mesmo nas cidades mais quentes, pouco se via aparelho de ar condicionado. Hoje, até nos barracos das favelas têm, embora muitos de forma “gateada”. Se o bem-estar era atendido com um ventilador, o de hoje impõe a necessidade de condicionadores. Se antes a família, mais numerosa que a de hoje, via TV num único televisor, hoje, não só em cada quarto, mas em todos os cômodos tem televisão. Em que pese os eletro-domésticos estarem mais eficientes, a questão é que os KWAs a menos são gastos num novo aparelho, mantendo sempre o consumo alto.
É inegável que nada se compara ao custo/benefício de uma hidroelétrica. Porém ela tem demonstrado não ser suficiente para garantir a segurança energética brasileira que deve ser alcançada pelas alternativas “limpas” e de fontes renováveis como a biomassa, eólica e solar, em vez de apelar sempre para as fontes de combustíveis fósseis.
Para isso, estas alternativas dependem muito de uma política de estímulo e de segurança ao investidor que garanta um mínimo de sustentabilidade neste tipo de negócio, tal como é dado para os investidores nos projetos do PAC via PPP.

É inegável que nada se compara ao custo/benefício de uma hidroelétrica. Porém ela tem demonstrado não ser suficiente para garantir a segurança energética brasileira que deve ser alcançada pelas alternativas “limpas” e de fontes renováveis como a biomassa, eólica e solar, em vez de apelar sempre para as fontes de combustíveis fósseis

A estiagem de 2012/2013 tem reavivado o drama dos blackouts de 2001 como visto nos noticiários, nas agendas da Presidente com o setor elétrico e no funcionamento das termoelétricas para onde são canalizados, não só todo gás e óleo, mas todo esforço para não ter que se implementar políticas de racionamento.
No entanto, mesmo que o governo exima as famílias do racionamento, o prejuízo é inevitável e já está sendo contabilizado. As indústrias consumidoras de gás são as primeiras a serem prejudicadas, pois o governo prioriza o uso dele primeiro para as termoelétricas, além disso, o País compromete a balança comercial e o caixa da União pela sangria de dólares na importação do gás e do óleo no mercado livre num valor mais alto devido às especulações em cima da estiagem no Brasil.
Sem entrar no mérito da produção de energia limpa e barata das hidroenergias, há que se embutir nos custos dela os ônus dos riscos destes blackouts para que se equiparem, relativamente, aos custos das termoelétricas. Apesar das restrições logísticas das bioenergias, sobretudo da biomassa florestal, é sabido que entre as termoelétricas, as de biomassas são mais sustentáveis social, econômica e ambientalmente que as de gás, óleo e carvão mineral, mas nada comparável com o custo da hidroenergia.
A relação entre estas fontes energéticas não deve ser vista como de competição, mas sim de complementação. Há que se pensar em aumentar o excedente de energia, sobretudo via hidroelétricas, para atrair indústrias eletrointensivas, como as de ferroligas e silício metálico, dado o potencial brasileiro nestas. Por outro lado, para atender o aumento da demanda domiciliar deve-se contar com o excedente das fontes alternativas.
Do ponto de vista das biomassas, o Brasil já tem explorado razoavelmente bem a energia do bagaço da cana-de-açúcar e de outros resíduos orgânicos, porém tem se comportado timidamente quanto à biomassa florestal. Apesar de primitiva, a madeira apresenta-se alto potencial de viabilidade como fonte energética, principalmente via cavaco e carvão vegetal. Entretanto sua cadeia produtiva requer avanços organizacionais para se fortalecer e se consolidar como alternativa energética competitiva.

Com tanta disponibilidade de terras ociosas e degradadas poderiam estar sendo reflorestada para produção de biomassa para energia e vapor, só que não há estímulos para tal. Por ser um projeto de longo prazo, o investimento florestal requer uma garantia de mercado para compra da madeira. Tendo este lastro, os reflorestamentos expandiriam e o produtor florestal teria melhores condições para negociar a madeira, diferente da atual em que os preços do carvão vegetal e outros produtos florestais andam em baixa.
É possível que os produtores sejam chamados a ajudar o Brasil a superar esta crise energética, mas basta os primeiros pingos de chuva para o governo dar-lhe as costas. A biomassa poderia estar melhor neste mercado florestal, não fosse o oportunismo nele. Sempre o produtor é o prejudicado pelas políticas cartelizadas no que tange à energia. É o caso do álcool anidro, devido a centralização da distribuição dele pela Petrobras tirando da iniciativa privada a possibilidade de ganho sobre investimentos energéticos. Precisa profissionalizar e fortalecer a cadeia da bioenergia como um todo. Não há sustentabilidade na cadeia enquanto um agente dela for prejudicado.
O segmento florestal energético também precisa se profissionalizar visando colocar produtos de melhor qualidade no mercado. É o caso do carvão vegetal e do cavaco. Há que persuadir os consumidores de energia sobre a qualidade da biomassa florestal. Pode-se conseguir uma redução nos custos com a aquisição de insumos energéticos mesmo pagando mais caro por ele, desde que de melhor qualidade, granulometria, uniformidade, menor umidade e maior rendimento energético. Infelizmente, o caminho a ser percorrido até alcançar este status é longo. Porém, algo tem que ser feito, pois basta de amadorismo, especulação e oportunismo no mercado florestal brasileiro.
Desculpas ao leitor que esperava neste texto alguma nova fonte energética hidrossolúvel como parece sugerir o título, mas a intenção desta matéria é demonstrar que as alternativas às hidroelétricas, tão lembradas nesta época de crise, não resistem às primeiras nuvens negras que se formam no céu. Basta o nível dos reservatórios se regularizarem para que o preço da energia caia drasticamente e ponha em cheque as bioenergias que, nestas circunstancias, se solubilizam a qualquer garoa.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013



EUCALIPTO – ENERGIA VERDE
            
                O plantio de florestas de eucalipto tem crescido muito nos últimos anos devido à grande quantidade de produtos em sua cadeia produtiva. Segundo o Programa Nacional de Florestas (PNF) do Ministério do Meio Ambiente são oito as principais cadeias produtivas que exploram o patrimônio florestal: chapas e compensados; óleos e resinas; fármacos; cosméticos; alimentos; carvão, lenha e energia; papel e celulose; madeira e moveis. Na região de Cristalina vemos que o principal produto utilizado nesta cadeia é a madeira para lenha e produção de carvão energético, devido a grande utilização desse produto nas indústrias da região.
            Atualmente o Brasil atingiu grande desenvolvimento no setor florestal, obtendo um das maiores produtividades do mundo, devido às condições climáticas, material genético e manejo florestal.  A necessidade de madeira em nossa região é crescente, tanto para consumo próprio em propriedades rurais, como em indústrias. Sabemos que estamos em um ótimo ponto de localização geográfica, e área rural disponível para formação de florestas, isto pode ser fator decisivo para atrairmos novos investimentos.
            Além do ponto de vista comercial, temos também o ponto de vista ambiental, a floresta de eucalipto é grande captador de carbono e dessa forma contribui para aumentar a qualidade do ar que respiramos. É importante termos a consciência de que ao utilizar a florestas plantadas, não estaremos degradando o meio ambiente, e ainda teremos uma ótima fonte de renda.
Samuel Santos Cardoso
Administrador de Empresas
Viveiro Santa Rita – Eucaliptos Clonados

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


Reflorestamento com o uso de eucalipto é melhor

De acordo com a engenheira agrônoma Elisia Galvão, a substituição do eucalipto pela acacia mangium não é vantajosa. Você concorda?



Alguns produtores rurais acreditam que os eucaliptos absorvem muita água do solo e, por este motivo, acreditam que substituir as árvores pela Acacia mangium, uma variedade também utilizada para reflorestamento poderia ser um bom negócio.
De acordo com a engenheira agrônoma Elisia Galvão, a substituição do eucalipto pela Acacia mangium não é vantajosa, pois “o que um eucalipto consome de água em sete anos é bem menor do que o consumo de uma lavoura de soja.” Trata-se apenas de um mito e, no caso do produtor, é recomendável ele prosseguir com o reflorestamento através do eucalipto.
Nos casos onde os produtores já tenham iniciado a troca do eucalipto pela Acacia mangium, eles deveram remover os tocos que restam no solo – proveniente das podas de árvores –, pois eles podem brotar novamente. Neste caso, pode-se impedir a rebrota inclusive com o auxílio de produtos químicos que retardam este processo e deixam por conta da natureza a decomposição dos brotos.
Elisia Galvão também recomenda que o produtor plante as acácias nas entrelinhas, ou seja, entre uma linha e outra de eucalipto ele deve plantar uma linha de acácia (plantio florestal misto).
Árvore de crescimento precoce, o eucalipto se reproduz através de sementes (reprodução sexuada) e dos clones, uma matriz (broto) que origina outras árvores. Também há uma variação entre os cortes, pois o eucalipto de semente tem uma poda inicial de 10 a 12 anos, sendo que para obter uma madeira mais nobre espera-se de 20 a 24 anos. Já para o eucalipto clonado o corte pode variar entre 5 a 7 anos.
O eucalipto “não tem tantas exigências como outras culturas. Teoricamente ele se desenvolve em qualquer tipo de solo, qualquer tipo de condição climática. Existem diferenças entre as variedades, por exemplo, algumas sofrem mais com o déficit hídrico do que as outras. Mas, em geral, existem variedades específicas para cada região”, esclarece Elisia Galvão.
A Acacia mangium pertence à família Mimosaceae e é encontrada naturalmente em algumas regiões da Ásia e América Latina, se desenvolvendo bem em solos que permanecem úmidos, porém com boa drenagem ao longo dos anos.
De acordo com informações da Embrapa Roraima, a Acacia mangium teve boa adaptação no Brasil, sendo utilizada principalmente na produção de celulose e papel, lenha e carvão, fabricação de móveis e na construção civil, além de ser indicada em sistemas silvipastoris, produzindo sombra para outras culturas ou para o rebanho durante o pastejo, colaboram na apicultura devido à florada abundante (polinização) e na recuperação de áreas degradadas.
A reprodução da acácia ocorre através de sementes e o crescimento varia entre 2,5 a 3,5 metros por ano, sendo que o corte da árvore varia entre 7 a 10 anos ou 15 a 20 anos para o corte final ou para madeira de lei.
Para que execute o manejo e os levantamentos adequados das plantas na região é fundamental que o produtor peça auxílio para um engenheiro agrônomo ou florestal.


Fonte: Painel Florestal - Rural Centro


A cultura do eucalipto e o consumo de água

Natália Canova



O mito sobre a produção de eucalipto e o consumo de água ainda persiste. Historicamente, surgiu devido à maneira como eram cultivadas espécies de rápido crescimento no País e, com a falta de divulgação, tanto em relação ao manejo florestal quanto a fatores que interferem na absorção de água pela florestal, o tema se alastrou. Porém, nos últimos anos, muitos esforços foram desprendidos para demonstrar que o consumo de água pelo cultivo de eucalipto não é diferente do de outras espécies florestais.
O consumo de água pela vegetação depende do clima e da área total das folhas da floresta (o chamado índice de área foliar) e mantém uma relação direta com o processo de fotossíntese, a forma como é feito o manejo florestal e a região de produção das espécies.
Alguns trabalhos científicos demonstram que as plantações de eucalipto se comparam à floresta nativa (Mata Atlântica) quanto à evapotranspiração (conjunto de todas as perdas de água por evaporação) anual e ao uso de água no solo (Almeida e Soares, 2003). Considerando o ciclo de crescimento do eucalipto para a produção de celulose, o uso de água pela plantação de eucalipto pode ser inferior ao da floresta nativa, principalmente no início do ciclo.
Alguns dados, como os apresentados na Tabela 1 mostram que as plantações de eucalipto consomem uma quantidade relativamente menor de água que as florestas nativas.

Tabela 1

Diferentes tipos florestais
AmazôniaMata AtlânticaPlantio de Eucalipto
Consumo de água
(mm/ano)
1.500 1.200 900 a 1.200
Fonte: CIB
Como todas as formações florestais, o consumo de água pelas florestas plantadas aumenta na época das chuvas, quando o volume hídrico no solo é elevado e suficiente para suprir os mananciais. Contudo, nos períodos mais secos a perda de água por evapotranspiração das árvores diminui consideravelmente. A folhagem do eucalipto também retém menos água das chuvas que as árvores de florestas naturais tropicais, que possuem copas mais amplas (maior índice de área foliar). Por isso, nas áreas de plantio de eucalipto, parte do volume pluviométrico escoa diretamente pelos troncos e atinge o solo, ao passo que, em florestas naturais tropicais, um volume maior é retido nas copas e posteriormente evapora.
Além da similaridade entre o consumo de água entre as diversas espécies florestais e o eucalipto, estudos também demonstram que, comparativamente a outras culturas agrícolas, o eucalipto não se destaca no ranking de consumo hídrico. A Tabela 2 compara o consumo de água de eucalipto com outras culturas. É possível notar que o deste se equipara ao consumo hídrico do café, também uma espécie arbórea, e é inferior ao da cana de açúcar, por exemplo.

Tabela 2

Quantidade de água necessária durante um ano (ou ciclo) da cultura
CulturaConsumo de água (mm)*
Cana de açúcar 1000 - 2.000
Café 800 - 1.200
Eucalipto 800 - 1.200
Citrus 600 - 1.200
Milho 400 - 800
Feijão 300 – 600
*Cada milímetro corresponde a um litro por metro quadrado
Fonte: Calder et al., 1992, e Lima W. De P., 1992
O consumo de água deve ser sempre analisado de duas maneiras:
  1. em termos do consumo total anual, como já demonstrado nas tabelas acima;
  2. em relação à eficiência do uso desse total de água, em termos da quantidade de madeira/produto produzida por unidade de água consumida na transpiração, na qual o eucalipto leva até ligeira vantagem. Ou seja, usa a água disponível de forma mais eficiente.
A Tabela 3 mostra a eficiência de consumo de água do eucalipto comparativamente a outras culturas agrícolas.

Tabela 3

Comparação entre o consumo de água do eucalipto e o de outras culturas
CulturaEficiência do uso da água
Cerrado 1 kg de madeira/ 2500L
Batata 1 kg de batata/ 2000 L
Milho 1 kg de milho/ 1000L
Cana-de-açúcar 1 kg de açúcar/ 500L
Eucalipto 1 kg de madeira/ 350 L
Fonte: Novais et al, 1996
Trabalho realizado pela UPM Nordland Paper Mill, a fim de calcular a pegada hídrica da produção de seus papéis, demonstra que a pegada de água verde – indicador que representa a água que vem da chuva e se acumula no solo, que tem uma relação principalmente com as plantas e é retirada via evaporação e transpiração − de plantações de eucalipto equivale a quase metade da pegada hídrica de florestas boreais com espécies de folhas largas (ex: bétula).
Embora a produção de eucalipto em área tropicais e subtropicais tenha uma taxa de evapotranspiração triplamente maior, a produção de madeira por hectare chega a ser cinco vezes a produzida em áreas de florestas boreais. Isso confere ao eucalipto, uma pegada por m3 colhido bem menor que outras formações florestais utilizadas para fins comerciais. O Gráfico 1, abaixo, mostra a pegada de água verde, para os diferentes tipos de madeira.
Gráfico 1
img1
Fonte: Relatório UPM- The Biofore Company: From Forest to paper, the story of four water footprint
A despeito dos dados demonstrados, o debate no que concerne à relação entre a produção de eucalipto e os recursos hídricos ainda persiste. Em algumas áreas, é realmente possível notar degradação de microbacias e solos mais secos. Isso pode ser atribuído a vários fatores em diferentes escalas. Em uma escala macro, pode estar relacionado às mudanças climáticas. Modelos complexos demonstram que o acúmulo de gases do efeito estufa e o gradativo aumento de temperatura podem estar exercendo influência sobre os recursos hídricos.
Em uma escala menor, devemos considerar que as condições climáticas que governam a disponibilidade (ou o suprimento) natural de água para os mais diversos usos variam de região para região. Regiões mais áridas, como o “polígono das secas”, a evapotranspiração é mais elevada e o total anual de chuvas é normalmente baixo, por isso sobra pouca água para recarregar os aquíferos e o solo. Por outro lado, em regiões de alta precipitação média, a quantidade total anual de chuva é maior que a evapotranspiração, o que permite que a vazão dos cursos d´água sejam alimentadas o ano todo. Entre esses dois extremos, existe uma grande variação entre esse balanço de chuvas e perdas por evapotranspiração.
Assim, conhecer a disponibilidade de água é fundamental. Qualquer alteração no ecossistema natural, principalmente em regiões mais secas, pode resultar num aumento do consumo de água. O zoneamento ecológico econômico deve levar em conta essas variações de disponibilidade natural de água.
Considerando-se uma escala mais micro, é nas propriedades rurais, onde estão as ações de manejo florestal e as microbacias hidrográficas, que devem se concentrar as ações de gestão dos recursos hídricos, protegendo, assim, suas áreas críticas e sua resiliência, ou seja, sua capacidade de resistir às alterações sem se degradar irreversivelmente.
Um dos fatores mais importantes para a permanência dessa capacidade é a integridade das matas ciliares protegendo toda a cabeceira de drenagem, as margens dos cursos de água e os terrenos mais saturados. Por isso, essas áreas são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs) pelo Código Florestal, pois sua preservação proporciona serviços ambientais importantes, sendo a manutenção da quantidade e qualidade do fluxo hídrico o maior deles. Quando essas áreas perdem tais características, elas se tornam vulneráveis a perturbações, que de outra forma seriam naturalmente absorvidas. Assim, pode-se dizer que a perda da resiliência das matas ciliares é o fator principal da diminuição e degradação dos recursos hídricos, do secamento do solo e da “morte” de córregos e riachos.
Conclusões - As informações acima mencionadas e os inúmeros estudos experimentais demonstram que o eucalipto não é o “vilão” em relação ao fluxo hídrico, e que a controvérsia não é fundamentada. A questão não é apenas técnica, física ou biológica, mas, sim, de manejo e gestão dos recursos. Neste sentido, o setor de celulose e papel entende que, mais do que saber qual é o consumo de água pelo eucalipto, a nova ordem social e ambiental exige saber como ocorre esse consumo.
Por este motivo, muitas empresas têm se comprometido com o monitoramento de bacias hidrográficas, para saber se a disponibilidade da água dá condições para a produção florestal na região e se esse fluxo é suficiente para atender às demais demandas, inclusive as ambientais e sociais, como preceitua o conceito de manejo sustentável e de integridade dos ecossistemas.
As informações aqui apresentadas foram extraídas de revisão de literatura de artigos de especialistas do tema, como Walter de Paula Lima, Maria José Brito Zakia e Ian R. Calder, além de publicações de organizações como o Diálogo Florestal e o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).


Fonte: Natália Canova é engenheira florestal e responsável pela Área Florestal da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).