A
importância da adubação no plantio florestal
Paulo Henrique Müller da Silva
Engenheiro Florestal - IPEF
A adubação consiste em aumentar a disponibilidade de
nutrientes, principalmente na fase inicial de desenvolvimento da floresta,
muitas vezes corrigindo deficiências existentes no solo ou na planta. É de
grande importância para o crescimento das árvores e para a sustentabilidade do
ecossistema florestal ao longo dos ciclos de corte, pois repõe parte dos
nutrientes exportados com a colheita. Por esses motivos pode se afirmar que a
adubação é importante, principalmente para florestas de rápido crescimento que
tendem a ter melhor resposta à adubação e ciclos mais curtos, ou seja, maior
capacidade de absorver e de exportar nutrientes.
A prática de adubação acarreta em custos para o
produtor, pois existe a necessidade da compra dos insumos e da contratação de
mão-de-obra para a sua aplicação, o que corresponde, aproximadamente a 35% do
valor total da implantação (adubação completa) e por esse motivo muitos
produtores ficam em dúvida sobre adubar ou não o plantio florestal.
Na Estação Experimental de Ciências Florestais,
localizada no município de Itatinga, pertencente ao Departamento de Ciências
Florestais da ESALQ/USP, foram implantados dois experimentos, com Eucalyptus
grandis, em solos distintos nos quais se obteve a produtividade do plantio de
eucalipto, aos 6 e aos 7 anos de idade, sem aplicação de qualquer tipo de adubo
e com a adubação completa (calagem + adubação de base + adubação de cobertura).
Esses experimentos possibilitaram observar a diferença de produtividade
existente devido à adubação, pois em ambos utilizaram o mesmo material genético
e manejo que estavam adequados as condições locais.
Solo de menor produtividade
Nesse solo obteve-se 210 m³ e 304 m³ de madeira aos
seis anos de idade para os tratamentos sem e com adubação respectivamente. O
aumento de produção foi de 94 m³, ou seja, o tratamento com adubação foi 45%
superior ao sem adubação.
Hoje o custo da adubação é de R$ 700,00/ha (35% do
custo de implantação) e calculando-se o valor durante o período de seis anos
com juros compostos (juros sobre juros), a uma taxa de 12% ao ano, obtém-se o
valor de R$ 1.390,00. Para os 94 m³ produzidos a mais se obtêm uma receita de R$
3.290,00, vendendo a madeira em pé pelo valor de R$ 35,00 o metro cúbico.
Nesse solo, a economia na adubação resultou em
perda de R$ 1.900,00/ha, já considerada a taxa de juros de 12 % ao ano.
Solo de alta produtividade
No solo de boa qualidade obteve-se 416 m³ e 506 m³
de madeira aos sete anos de idade para os tratamentos sem e com adubação
respectivamente. O aumento de produção foi de 90 m³, ou seja, o tratamento com
adubação foi 21% superior ao sem adubação.
Hoje o custo da adubação é de R$ 700,00/ha (35% do
custo de implantação) e calculando-se o valor durante o período de sete anos
com juros compostos (juros sobre juros), a uma taxa de 12% ao ano, obtém-se o
valor de R$ 1.550,00. Para os 90 m³ produzidos a mais se obtêm uma receita de
R$ 3.150,00, vendendo a madeira em pé pelo valor de R$ 35,00 o metro cúbico.
Nesse solo, a economia na adubação resultou em
perda de R$ 1.600,00/ha, já considerada a taxa de juros de 12 % ao ano.
Considerações Finais
A economia realizada na etapa de formação da floresta,
em muitos casos, reflete-se em seu desenvolvimento, o que diminui a receita
obtida, sendo importante a aquisição de material de qualidade (sementes, mudas
e insumos) e adequado à finalidade e às condições do local que será implantada
a floresta, mesmo que gere um custo maior de implantação da floresta. Deve-se
também seguir as recomendações feitas por um profissional habilitado, pois no
final, o retorno será maior que a “economia” realizada na implantação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário