Antes de iniciar o projeto florestal é preciso planejar. É preciso
pensar em estradas de acesso, tamanho de talhões e finalidades da floresta.
Com
a finalidade de alcançar bons resultados na área florestal, alguns critérios devem
ser seguidos, dos quais se destacam práticas de combate a formiga cortadeira,
controle de mato competição, preparo de solo, adubação, plantio e irrigação.
Assim, buscando-se adequar a um cronograma operacional para plantios
florestais, elaborou-se uma explicação das etapas básicas de implantação que
tem como objetivo auxiliar o pequeno produtor na formação de sua floresta.
1. Combate à formiga
As formigas cortadeiras
são apontadas como uma das principais pragas florestais. O combate às formigas
pode ser dividido em três fases:
a) Inicial: realizado em toda a área a ser plantada. Quando o combate inicial for
feito após a limpeza da área, é indicado que se aguarde um período de
aproximadamente 60 dias entre a operação de limpeza e o combate;
b) Repasse: operação que visa combater os formigueiros que não foram totalmente
extintos e é realizado por volta de 60 dias após o combate inicial, antes do
plantio em toda a área; e
c) Monitoramento: realizado durante todo o período de formação e maturação da floresta,
prosseguindo após o corte da mesma. Após o plantio, o monitoramento deve ser
constante até o primeiro ano de plantio. É indicado que se faça o monitoramento
anual, de forma a evitar a proliferação dos formigueiros.
Os formicidas disponíveis
no mercado são sob a forma de pó seco, de iscas granuladas e de líquidos
termonebuláveis.
As iscas granuladas são
as mais utilizadas na área florestal devido a fácil aplicação, baixo custo,
alto rendimento em áreas limpas e menor perigo aos aplicadores. Os dois
princípios ativos usados para a produção de iscas encontrados no comércio são
sulfluramida e fipronil. Estes princípios ativos participam com 0,3 a 0,5% da
isca, sendo que o restante é composto de material que funciona como atrativo
para as formigas.
A dosagem da isca granulada depende do tamanho do formigueiro. Uma regra
prática é aplicar aproximadamente 10 gramas de isca por metro quadrado da
superfície de terra solta (maior largura x maior comprimento). A isca é
aplicada com dosadores próximo aos olheiros ou dos caminhos formados (10 a 15
cm de distância, ao lado do carreiro).
2. Capina
A mato competição é um
dos fatores limitantes ao estabelecimento de florestas no Brasil, afetando o
desenvolvimento das culturas florestais através da competição por água, luz e
nutrientes.
O combate pode ser
realizado de várias maneiras: roçadas manuais, mecânicas e químicas. A escolha
do melhor sistema de controle às plantas invasoras dependerá do tamanho da
área, da cultura, época de plantio, orçamento disponível, rendimentos
operacionais e taxa de colonização, entre outros.
Segundo estudos
realizados o período de maior incidência de mato competição em plantações de
eucalipto ocorre até o 7º mês após o plantio. É nesse período, portanto que se devem
ter mais cuidados no controle das plantas invasoras.
O método químico de controle é o mais utilizado em razão de seus
resultados serem mais rápidos e eficientes, minimizando custos. Para este tipo
de controle recomenda-se a aplicação em duas fases:
I)
Aplicação de herbicida pós-emergente em
área total antes do plantio;
II)
Aplicação de herbicida pré-emergente
nas linhas de plantio;
2.1. Aplicação de herbicida pós-emergente em área
total antes do plantio
A aplicação de herbicida
antes do plantio para o preparo da área pode ser feito aproximadamente 15-25
dias antes do plantio. Para esta aplicação, o herbicida glyphosate é o mais
usado em plantios comerciais, pois este possui um efetivo controle sobre grande
número de espécies invasoras. Na
aplicação em área total são utilizadas barras de aspersão que cobrem grande superfície.
2.2. Aplicação de herbicida pré-emergente nas
linhas de plantio
Os herbicidas
pré-emergentes são produtos usados para controlar o banco de sementes das
plantas daninhas depositadas sobre o solo. Sua aplicação é realizada logo após
o plantio das mudas, numa faixa de aproximadamente 1 metro na linha de plantio,
pois este não possui ação sobre as mudas. Os herbicidas pré-emergentes mais
utilizados no meio florestal são o isoxaflutole e o oxyfluorfen. Exemplo:
Fordor 750WG. O herbicida deverá ser aplicado em área limpa para surtir melhor
efeito e impedir o nascimento de ervas daninhas ainda não germinadas por um
período de 90 a 120 dias.
3. Preparo do solo
Atualmente o preparo do
solo é realizado com base no conceito de cultivo mínimo, devido a rápida
evolução da silvicultura nas décadas de 80 e 90. O preparo do solo tem como
objetivo a diminuição da resistência do solo à expansão das raízes e maior
aproveitamento da água melhorando a condução e desenvolvimento do sistema
radicular.
O cultivo mínimo do solo
consiste em revolvê-lo o mínimo necessário, mantendo os resíduos vegetais (da
cultura e de plantas invasoras) sobre o solo como cobertura morta. Para
plantações florestais, prevê a realização de um preparo localizado apenas na
linha ou na cova de plantio. Devido ao amplo espaçamento de plantio,
geralmente, 3,0 m entrelinhas, o volume de solo revolvido é bem menor do que
aquele realizado para culturas anuais.
Os implementos mais
usados em áreas manejadas no sistema de cultivo mínimo são o subsolador
(profundidade de trabalho superior a 30 cm), e o coveador mecânico. O
subsolador florestal tem a finalidade de facilitar a emissão de raízes em solo
menos compactado. A terra fofa facilita o crescimento das raízes. Na mesma
operação é realizada a aplicação de adubo no fundo do risco. O coveamento é
realizado em locais de difícil acesso a equipamentos pesados, nesse sistema é
feita a cova com broca.
4. Adubação
A adubação é uma prática
que visa suprir as demandas nutricionais das plantas, na busca por maior
produção. No Brasil, as maiores limitações nutricionais têm sido observadas
quanto ao elemento P (fósforo).
No caso do eucalipto,
entre 70-80% da exigência nutricional das árvores, ocorrem na fase inicial de
desenvolvimento da cultura, sendo, portanto uma indicação do período de
aplicação dos fertilizantes. No programa de fertilização aqui estabelecido,
todo o processo é compreendido pelas seguintes etapas:
I) Calagem: fornecimento de Ca e Mg;
II) Adubação de base: fornecimento de P, N, K, B; e
III) Adubação de cobertura: fornecimento de N, K, B e Zn.
II) Adubação de base: fornecimento de P, N, K, B; e
III) Adubação de cobertura: fornecimento de N, K, B e Zn.
Antes de qualquer tomada
de decisão é recomendado que se faça uma análise do solo para avaliar a
necessidade de calagem e a adubação mais adequada.
4.1 Calagem
Calagem é uma etapa do preparo do solo para cultivo florestal na qual
se aplica calcário com o
objetivo de elevar os teores de cálcio e magnésio. Para sua aplicação é indicado que seja feita com antecedência
ao plantio (aproximadamente dois meses) e realizada a lanço na superfície do
solo.
O calcário é classificado
em calcítico, magnesiano ou dolomítico quando apresenta menos de 5% de óxido de
magnésio (%MgO), de 5-12% de MgO e acima de 12% de MgO, respectivamente.
Efeitos da calagem:
a) Efeitos físicos: melhoria da estrutura pela granulação das partículas
(estrutura, porosidade, permeabilidade, aeração);
b) Efeitos químicos: correção da acidez e aumento da disponibilidade de
alguns nutrientes principalmente o Ca e o Mg; e
c) Efeitos biológicos: estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana.
4.2. Adubação de base e de cobertura
Para o plantio de áreas
florestais, a adubação é realizada em momentos distintos durante a produção da
floresta, dividida em 3 ou 4 aplicações – até os 24 meses de plantio. Após este
período ocorre o fechamento das copas, iniciando a ciclagem de nutrientes.
Porém, as dosagens mudam de acordo com seu desenvolvimento. Na fase inicial é
comumente aplicado maiores dosagens de P, e maiores dosagens de N e K somente a
partir da segunda aplicação.
- Adubação de base ou de plantio:é realizada junto com a subsolagem e o
adubo é aplicado em filete. Em áreas pequenas onde não viabiliza a utilização
de subsolador florestal pode ser aplicado em covetas laterais no plantio. Tais
covetas devem ficar de 5 a 10 cm de distância da muda e todo o adubo colocado
em 1 ou 2 covetas por planta.
- Adubação de cobertura: pode ser parcelada entre 2 a 4
aplicações e realizada de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da
copa, no período de 6 a 24 meses após o plantio. Geralmente essa adubação é
realizada 15 dias após o plantio, 1 ano após o plantio e 2 anos após o plantio.
É importante realizar analise foliar e de solo para suprir deficiências
encontradas.
5. Plantio
Em áreas onde foi
realizada a subsolagem ou coveamento, o plantio pode ser feito por meio de
plantadeiras ou “chuchos”. Atualmente é possível fazer o plantio através de
plantadeira mecanizada, na qual é possível realizar o plantio com maior
padronização e rapidez. Para o caso de ocorrência de cupim, a prevenção ao
ataque é realizada através da imersão das mudas em solução contendo cupinicida
antes de serem enviadas para o plantio. A muda deve ser colocada com o coleto
ao nível do solo, devendo ser pressionada junto à altura do mesmo para mantê-la
firme ao chão e não deixar bolsões de ar. Todas as embalagens, tubete ou saco
plástico, devem ser recolhidas e depositadas em locais apropriados.
Com a finalidade de
acelerar o enraizamento e proteger as mudas contra cupins é fundamental fazer o
tratamento pré plantio, no qual as mudas são submersas em solução com Cupinicida
e MAP. Esse tratamento é rápido e fácil de se realizar.
6. Irrigação
A aplicação de água no
solo tem finalidade de fornecer às mudas a umidade necessária ao seu
desenvolvimento. A irrigação no campo pode ser realizada quando o plantio se dá
em épocas secas, sendo recomendado acima de 3 litros de água por planta. Sendo
feito em três aplicações de 1 litro por planta.
O plantio feito em épocas
secas pode ser realizado sem problemas nos meses de abril a julho, pois ainda
encontra-se clima ameno e solo com bom nível de umidade. Os meses de agosto e
setembro que antecedem as chuvas geralmente não são recomendados pois o solo já
se encontra bastante seco e a temperatura ambiente está bem mais elevada. É
importante verificar as condições do local de plantio, pois existe grande
variabilidade de condições.
O
plantio em época seca tem algumas vantagens e desvantagens comparando-se ao
plantio nas chuvas.
Vantagens:
maior facilidade de transito nas áreas; maior facilidade no combate as
formigas; melhor controle sobre matocompetição; plantio pode ser feito com data
programada não dependendo de chuvas. (Durante a seca as mudas concentram em
formar raízes, com isso elas tem maior crescimento durante as chuvas, pois já
estão com as raízes formadas)
Desvantagens: é preciso
ter equipamento para irrigação (caminhão pipa ou tanque pipa) e água disponível
Como a irrigação é uma
prática silvicultural que encarece o plantio, surgiram algumas alternativas
como o hidrogel, que retém a água de irrigação por maior período de tempo,
disponibilizando-a de maneira gradativa para as plantas, o que resulta na
diminuição da mortalidade das mudas. A aplicação mais prática do hidrogel é na
cova de plantio e hidratado.
A adição de hidrogéis no
solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as perdas por percolação e
melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando o desenvolvimento do sistema
radicular e da parte aérea das plantas.
7. Replantio
O replantio deve ser
realizado quando o índice de mortalidade das mudas ultrapassar 5 %, no período
de 15 a 30 dias após o plantio. Os mesmos tratos culturais descritos acima para
o plantio devem ser seguidos também para o replantio. O período estipulado para
o replantio não deve ser ultrapassado, pois caso ocorra, as mudas
transplantadas possivelmente serão sombreadas, prejudicando seu
desenvolvimento.
8. Desrama
A desrama visa à produção de madeira sem nós. Em espaçamentos mais
adensado, por exemplo 3x2mts ou 3x3mts as árvores apresentam desrama natural e
geralmente não se pratica o desbaste quando a floresta é destinada a produção
de celulose, lenha ou carvão. Em se tratando de florestas para serraria é
importante a execução da desrama para a produção de madeira sem nó, de maior
valor comercial. No entanto é importante ressaltar que a remoção de porção da
copa pode reduzir a área fotossintética e conseqüentemente, o crescimento da
arvore. Alem disso devem-se usar ferramentas apropriadas e evitar ferimentos no
tronco, pois esses ferimentos podem constituir portas de entrada para patógenos
e fungos apodrecedores do lenho. Na pratica procedem duas desramas, sendo a
primeira com um ou dois anos e a segunda com dois ou dois anos e meio,
removendo-se cerca de um terço da copa.
9. Desbaste
A realização de desbaste
depende espaçamento inicial e do uso de madeira a que se destina a floresta. Em
geral, para serraria e postes são necessários espaçamentos maiores a fim de as
arvores tenham maior crescimento em diâmetro. No caso de espaçamento clonal de
3x2mts ou 3x3mts efetua-se dois desbastes sempre quando iniciar a estagnação de
crescimento diamétrico. Nesse momento pode-se reduzir o povoamento florestal em
50%, fazendo desbastes sistemáticos, ou seja, corta uma arvore sim e a outra
não. Dependendo do crescimento da floresta o primeiro desbaste ocorrerá entre 4
e 6 anos. O segundo desbaste ocorrerá na floresta com 8 a 10 anos de idade,
nesse desbaste sobrará 250 arvores por hectare. O corte final irá ocorrer de 12
a 18 anos após o plantio.
10. Condução da Brotação
Na condução da brotação,
a floresta deve receber todos os tratos culturais necessários ao seu
crescimento, incluindo combate as formigas, limpeza e adubação.Quando os brotos
estiverem com 3 a 4mts de altura ou até 15 meses após o corte deverá ser feita
a seleção do broto mais vigoroso de cada cepa, pode ser deixado um ou dois
brotos. O corte dos brotos poderá ser realizado com machado ou foice.
11. Controle de doenças e pragas
Ao se constatar manchas
nas folhas, podridão de caule, morte de arvores, ou seja, qualquer coisa que
esteja fora do normal é recomendado retirar uma amostra da arvore (uma galha
com o problema) e levar para ser analisado. Quanto antes for constatado os indícios
de pragas mais fácil será seu combate. Quanto ao ataque de pragas, geralmente o
que se mais tem visto é o ataque de besouros desfolhadores. Em caso de ataque
mais severo deve-se combater com inseticidas.
12. Aceiros / Incêndios Florestais
A área florestal deve
estar protegida contra incêndios. Para isso é fundamental fazer aceiros largos
e dividir a floresta em talhões. Essas medidas são importantes para evitar
incêndios florestais. É importante ter equipamentos contra incêndio, como
abafadores, tanques com água, e sempre que possível fazer uma vistoria na área
para procurar focos de incêndio.
13. Finalidade do Plantio e Preparação da área
Antes de iniciar o
projeto florestal é preciso planejar estradas de acesso, tamanho de talhões e
finalidades da floresta.
parabens otima explicaçao me ajudo muito
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