domingo, 13 de janeiro de 2013

Boa formação de florestas
Formação da Floresta


Antes de iniciar o projeto florestal é preciso planejar. É preciso pensar em estradas de acesso, tamanho de talhões e finalidades da floresta.
  Com a finalidade de alcançar bons resultados na área florestal, alguns critérios devem ser seguidos, dos quais se destacam práticas de combate a formiga cortadeira, controle de mato competição, preparo de solo, adubação, plantio e irrigação.
         
          Assim, buscando-se adequar a um cronograma operacional para plantios florestais, elaborou-se uma explicação das etapas básicas de implantação que tem como objetivo auxiliar o pequeno produtor na formação de sua floresta.

1. Combate à formiga
          As formigas cortadeiras são apontadas como uma das principais pragas florestais. O combate às formigas pode ser dividido em três fases:
a) Inicial: realizado em toda a área a ser plantada. Quando o combate inicial for feito após a limpeza da área, é indicado que se aguarde um período de aproximadamente 60 dias entre a operação de limpeza e o combate;
b) Repasse: operação que visa combater os formigueiros que não foram totalmente extintos e é realizado por volta de 60 dias após o combate inicial, antes do plantio em toda a área; e
c) Monitoramento: realizado durante todo o período de formação e maturação da floresta, prosseguindo após o corte da mesma. Após o plantio, o monitoramento deve ser constante até o primeiro ano de plantio. É indicado que se faça o monitoramento anual, de forma a evitar a proliferação dos formigueiros.
          Os formicidas disponíveis no mercado são sob a forma de pó seco, de iscas granuladas e de líquidos termonebuláveis.
          As iscas granuladas são as mais utilizadas na área florestal devido a fácil aplicação, baixo custo, alto rendimento em áreas limpas e menor perigo aos aplicadores. Os dois princípios ativos usados para a produção de iscas encontrados no comércio são sulfluramida e fipronil. Estes princípios ativos participam com 0,3 a 0,5% da isca, sendo que o restante é composto de material que funciona como atrativo para as formigas.
A dosagem da isca granulada depende do tamanho do formigueiro. Uma regra prática é aplicar aproximadamente 10 gramas de isca por metro quadrado da superfície de terra solta (maior largura x maior comprimento). A isca é aplicada com dosadores próximo aos olheiros ou dos caminhos formados (10 a 15 cm de distância, ao lado do carreiro).

2. Capina
          A mato competição é um dos fatores limitantes ao estabelecimento de florestas no Brasil, afetando o desenvolvimento das culturas florestais através da competição por água, luz e nutrientes.
          O combate pode ser realizado de várias maneiras: roçadas manuais, mecânicas e químicas. A escolha do melhor sistema de controle às plantas invasoras dependerá do tamanho da área, da cultura, época de plantio, orçamento disponível, rendimentos operacionais e taxa de colonização, entre outros.
          Segundo estudos realizados o período de maior incidência de mato competição em plantações de eucalipto ocorre até o 7º mês após o plantio. É nesse período, portanto que se devem ter mais cuidados no controle das plantas invasoras.
O método químico de controle é o mais utilizado em razão de seus resultados serem mais rápidos e eficientes, minimizando custos. Para este tipo de controle recomenda-se a aplicação em duas fases:
I)              Aplicação de herbicida pós-emergente em área total antes do plantio;
II)             Aplicação de herbicida pré-emergente nas linhas de plantio;

2.1. Aplicação de herbicida pós-emergente em área total antes do plantio
          A aplicação de herbicida antes do plantio para o preparo da área pode ser feito aproximadamente 15-25 dias antes do plantio. Para esta aplicação, o herbicida glyphosate é o mais usado em plantios comerciais, pois este possui um efetivo controle sobre grande número de espécies invasoras.  Na aplicação em área total são utilizadas barras de aspersão que cobrem grande superfície.

2.2. Aplicação de herbicida pré-emergente nas linhas de plantio
          Os herbicidas pré-emergentes são produtos usados para controlar o banco de sementes das plantas daninhas depositadas sobre o solo. Sua aplicação é realizada logo após o plantio das mudas, numa faixa de aproximadamente 1 metro na linha de plantio, pois este não possui ação sobre as mudas. Os herbicidas pré-emergentes mais utilizados no meio florestal são o isoxaflutole e o oxyfluorfen. Exemplo: Fordor 750WG. O herbicida deverá ser aplicado em área limpa para surtir melhor efeito e impedir o nascimento de ervas daninhas ainda não germinadas por um período de 90 a 120 dias.

3. Preparo do solo
          Atualmente o preparo do solo é realizado com base no conceito de cultivo mínimo, devido a rápida evolução da silvicultura nas décadas de 80 e 90. O preparo do solo tem como objetivo a diminuição da resistência do solo à expansão das raízes e maior aproveitamento da água melhorando a condução e desenvolvimento do sistema radicular.
          O cultivo mínimo do solo consiste em revolvê-lo o mínimo necessário, mantendo os resíduos vegetais (da cultura e de plantas invasoras) sobre o solo como cobertura morta. Para plantações florestais, prevê a realização de um preparo localizado apenas na linha ou na cova de plantio. Devido ao amplo espaçamento de plantio, geralmente, 3,0 m entrelinhas, o volume de solo revolvido é bem menor do que aquele realizado para culturas anuais.
          Os implementos mais usados em áreas manejadas no sistema de cultivo mínimo são o subsolador (profundidade de trabalho superior a 30 cm), e o coveador mecânico. O subsolador florestal tem a finalidade de facilitar a emissão de raízes em solo menos compactado. A terra fofa facilita o crescimento das raízes. Na mesma operação é realizada a aplicação de adubo no fundo do risco. O coveamento é realizado em locais de difícil acesso a equipamentos pesados, nesse sistema é feita a cova com broca.

4. Adubação
          A adubação é uma prática que visa suprir as demandas nutricionais das plantas, na busca por maior produção. No Brasil, as maiores limitações nutricionais têm sido observadas quanto ao elemento P (fósforo).
          No caso do eucalipto, entre 70-80% da exigência nutricional das árvores, ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura, sendo, portanto uma indicação do período de aplicação dos fertilizantes. No programa de fertilização aqui estabelecido, todo o processo é compreendido pelas seguintes etapas:
I) Calagem: fornecimento de Ca e Mg;
II) Adubação de base: fornecimento de P, N, K, B; e
III) Adubação de cobertura: fornecimento de N, K, B e Zn.
          Antes de qualquer tomada de decisão é recomendado que se faça uma análise do solo para avaliar a necessidade de calagem e a adubação mais adequada.

4.1 Calagem
          Calagem é uma etapa do preparo do solo para cultivo florestal na qual se aplica calcário com o objetivo de elevar os teores de cálcio e magnésio. Para sua aplicação é indicado que seja feita com antecedência ao plantio (aproximadamente dois meses) e realizada a lanço na superfície do solo.
          O calcário é classificado em calcítico, magnesiano ou dolomítico quando apresenta menos de 5% de óxido de magnésio (%MgO), de 5-12% de MgO e acima de 12% de MgO, respectivamente.
Efeitos da calagem:
a) Efeitos físicos: melhoria da estrutura pela granulação das partículas (estrutura, porosidade, permeabilidade, aeração);
b) Efeitos químicos: correção da acidez e aumento da disponibilidade de alguns nutrientes principalmente o Ca e o Mg; e
c) Efeitos biológicos: estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana.


4.2. Adubação de base e de cobertura
          Para o plantio de áreas florestais, a adubação é realizada em momentos distintos durante a produção da floresta, dividida em 3 ou 4 aplicações – até os 24 meses de plantio. Após este período ocorre o fechamento das copas, iniciando a ciclagem de nutrientes. Porém, as dosagens mudam de acordo com seu desenvolvimento. Na fase inicial é comumente aplicado maiores dosagens de P, e maiores dosagens de N e K somente a partir da segunda aplicação.
- Adubação de base ou de plantio:é realizada junto com a subsolagem e o adubo é aplicado em filete. Em áreas pequenas onde não viabiliza a utilização de subsolador florestal pode ser aplicado em covetas laterais no plantio. Tais covetas devem ficar de 5 a 10 cm de distância da muda e todo o adubo colocado em 1 ou 2 covetas por planta.
- Adubação de cobertura: pode ser parcelada entre 2 a 4 aplicações e realizada de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da copa, no período de 6 a 24 meses após o plantio. Geralmente essa adubação é realizada 15 dias após o plantio, 1 ano após o plantio e 2 anos após o plantio. É importante realizar analise foliar e de solo para suprir deficiências encontradas.

5. Plantio
          Em áreas onde foi realizada a subsolagem ou coveamento, o plantio pode ser feito por meio de plantadeiras ou “chuchos”. Atualmente é possível fazer o plantio através de plantadeira mecanizada, na qual é possível realizar o plantio com maior padronização e rapidez. Para o caso de ocorrência de cupim, a prevenção ao ataque é realizada através da imersão das mudas em solução contendo cupinicida antes de serem enviadas para o plantio. A muda deve ser colocada com o coleto ao nível do solo, devendo ser pressionada junto à altura do mesmo para mantê-la firme ao chão e não deixar bolsões de ar. Todas as embalagens, tubete ou saco plástico, devem ser recolhidas e depositadas em locais apropriados.
          Com a finalidade de acelerar o enraizamento e proteger as mudas contra cupins é fundamental fazer o tratamento pré plantio, no qual as mudas são submersas em solução com Cupinicida e MAP. Esse tratamento é rápido e fácil de se realizar.

6. Irrigação
          A aplicação de água no solo tem finalidade de fornecer às mudas a umidade necessária ao seu desenvolvimento. A irrigação no campo pode ser realizada quando o plantio se dá em épocas secas, sendo recomendado acima de 3 litros de água por planta. Sendo feito em três aplicações de 1 litro por planta.
          O plantio feito em épocas secas pode ser realizado sem problemas nos meses de abril a julho, pois ainda encontra-se clima ameno e solo com bom nível de umidade. Os meses de agosto e setembro que antecedem as chuvas geralmente não são recomendados pois o solo já se encontra bastante seco e a temperatura ambiente está bem mais elevada. É importante verificar as condições do local de plantio, pois existe grande variabilidade de condições.
          O plantio em época seca tem algumas vantagens e desvantagens comparando-se ao plantio nas chuvas.
          Vantagens: maior facilidade de transito nas áreas; maior facilidade no combate as formigas; melhor controle sobre matocompetição; plantio pode ser feito com data programada não dependendo de chuvas. (Durante a seca as mudas concentram em formar raízes, com isso elas tem maior crescimento durante as chuvas, pois já estão com as raízes formadas)
          Desvantagens: é preciso ter equipamento para irrigação (caminhão pipa ou tanque pipa) e água disponível
          Como a irrigação é uma prática silvicultural que encarece o plantio, surgiram algumas alternativas como o hidrogel, que retém a água de irrigação por maior período de tempo, disponibilizando-a de maneira gradativa para as plantas, o que resulta na diminuição da mortalidade das mudas. A aplicação mais prática do hidrogel é na cova de plantio e hidratado.
          A adição de hidrogéis no solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as perdas por percolação e melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas.

7. Replantio
          O replantio deve ser realizado quando o índice de mortalidade das mudas ultrapassar 5 %, no período de 15 a 30 dias após o plantio. Os mesmos tratos culturais descritos acima para o plantio devem ser seguidos também para o replantio. O período estipulado para o replantio não deve ser ultrapassado, pois caso ocorra, as mudas transplantadas possivelmente serão sombreadas, prejudicando seu desenvolvimento.

8. Desrama
            A desrama visa à produção de madeira sem nós. Em espaçamentos mais adensado, por exemplo 3x2mts ou 3x3mts as árvores apresentam desrama natural e geralmente não se pratica o desbaste quando a floresta é destinada a produção de celulose, lenha ou carvão. Em se tratando de florestas para serraria é importante a execução da desrama para a produção de madeira sem nó, de maior valor comercial. No entanto é importante ressaltar que a remoção de porção da copa pode reduzir a área fotossintética e conseqüentemente, o crescimento da arvore. Alem disso devem-se usar ferramentas apropriadas e evitar ferimentos no tronco, pois esses ferimentos podem constituir portas de entrada para patógenos e fungos apodrecedores do lenho. Na pratica procedem duas desramas, sendo a primeira com um ou dois anos e a segunda com dois ou dois anos e meio, removendo-se cerca de um terço da copa.

9. Desbaste
          A realização de desbaste depende espaçamento inicial e do uso de madeira a que se destina a floresta. Em geral, para serraria e postes são necessários espaçamentos maiores a fim de as arvores tenham maior crescimento em diâmetro. No caso de espaçamento clonal de 3x2mts ou 3x3mts efetua-se dois desbastes sempre quando iniciar a estagnação de crescimento diamétrico. Nesse momento pode-se reduzir o povoamento florestal em 50%, fazendo desbastes sistemáticos, ou seja, corta uma arvore sim e a outra não. Dependendo do crescimento da floresta o primeiro desbaste ocorrerá entre 4 e 6 anos. O segundo desbaste ocorrerá na floresta com 8 a 10 anos de idade, nesse desbaste sobrará 250 arvores por hectare. O corte final irá ocorrer de 12 a 18 anos após o plantio.

10. Condução da Brotação
          Na condução da brotação, a floresta deve receber todos os tratos culturais necessários ao seu crescimento, incluindo combate as formigas, limpeza e adubação.Quando os brotos estiverem com 3 a 4mts de altura ou até 15 meses após o corte deverá ser feita a seleção do broto mais vigoroso de cada cepa, pode ser deixado um ou dois brotos. O corte dos brotos poderá ser realizado com machado ou foice.

11. Controle de doenças e pragas
          Ao se constatar manchas nas folhas, podridão de caule, morte de arvores, ou seja, qualquer coisa que esteja fora do normal é recomendado retirar uma amostra da arvore (uma galha com o problema) e levar para ser analisado. Quanto antes for constatado os indícios de pragas mais fácil será seu combate. Quanto ao ataque de pragas, geralmente o que se mais tem visto é o ataque de besouros desfolhadores. Em caso de ataque mais severo deve-se combater com inseticidas.

12. Aceiros / Incêndios Florestais
          A área florestal deve estar protegida contra incêndios. Para isso é fundamental fazer aceiros largos e dividir a floresta em talhões. Essas medidas são importantes para evitar incêndios florestais. É importante ter equipamentos contra incêndio, como abafadores, tanques com água, e sempre que possível fazer uma vistoria na área para procurar focos de incêndio.

13. Finalidade do Plantio e Preparação da área
          Antes de iniciar o projeto florestal é preciso planejar estradas de acesso, tamanho de talhões e finalidades da floresta. 

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